Sínodo da Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia integral
09/05/2019 NotíciasDom Romualdo Matias Kujawski
Bispo de Porto Nacional e Membro Sinodal
“Com efeito, sabemos que toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto!” (Rm 8, 22)
Durante os dias compreendidos entre 06 e 27 de Outubro de 2019 realizar-se-á, no Vaticano, o Sínodo que congregará os Bispos da Região Pan-Amazônica, para refletir e partilhar o seguinte tema: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. O documento de trabalho deste Sínodo: “Instrumentum Laboris” foi publicado no dia 17 de Junho deste ano. O texto é composto por 147 pontos divididos em 21 capítulos separados por três partes: A primeira parte se titulada “a voz da Amazônia” e tem a finalidade de apresentar a realidade do território e de seus povos. Na segunda parte, intitulada “Ecologia integral: o clamor da terra e dos pobres,” adverte-se sobre a “destruição extrativista”, abordam questões relevantes como “os povos indígenas em isolamento voluntário (PIAV)” e outros fenômenos de interesse mundial, como “a migração”, “a urbanização”, “a família e a comunidade”, “a saúde”, “a educação integral” e “a corrupção”. Na terceira e última parte do documento, encontramos os escritos sobre os desafios e esperanças da região e incentiva a Igreja a ter um papel “profético na Amazônia”, apresentando “a problemática eclesiológica e pastoral” da região.
Seguem abaixo algumas perguntas e respostas sobre esse tema, que poderão dirimir certas dúvidas que possam existir:
- Primeiramente, o que é o Sínodo?
A palavra “sínodo” vem de duas palavras gregas: “syn”, que significa “juntos”, e “hodos”, que significa “estrada ou caminho”. Logo, o Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião do episcopado da Igreja Católica com o Papa para discutir algum assunto em especial, auxiliando o Santo Padre no governo da Igreja.
- Quais os assuntos serão tratados no Sínodo?
No centro das deliberações será a situação dos povos da Amazônia. O “Instrumentum Laboris” destaca os problemas, que surgem da exploração descontrolada da riqueza natural da Amazônia e afetam a ecologia da Região. Entre os grandes problemas destacam-se os desmatamentos, garimpos descontrolados, grandes projetos hidroelétricos, monoculturas e desrespeito às tribos indígenas, suas culturas e territórios de domínio.
Entre os temas eclesiásticos encontram-se as questões das tradições locais e assistência pastoral no vasto território da Amazônia. Outro ponto, até bastante polêmico é o estudo da possibilidade de, na falta das vocações sacerdotais serem ordenados homens casados, de boa índole moral e provenientes das comunidades locais. Não se pode esquecer que a Igreja sempre cresce e se organiza a partir da Eucaristia. Também devem ser repensadas as funções dos leigos como lideranças nas comunidades, além de ampliar as tarefas destinadas às mulheres.
- Quem participará do Sínodo?
Os Bispos Diocesanos de todas as nove províncias eclesiásticas da Região Pan-amazônica, incluindo Bolívia, Brasil, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Guianas e Suriname. Também participarão alguns membros dos dicastérios da Cúria Romana, membros da eclesial rede Pan-amazônica (REPAM) e representantes do Conselho que prepararam o Sínodo.
Além disso, estarão presentes alguns religiosos que se envolvem pastoralmente na Amazônia, escolhidos pelos Superiores Gerais. O Papa Francisco também nomeou alguns peritos, leigos e eclesiásticos, que ajudarão na redação dos documentos do Sínodo. Terão direito à voz os representantes do “grito do povo” amazonense. O quadro então se completa com os observadores, os delegados das Igrejas Cristas, que atuam na Amazônia e representantes das Instituições e religiões não cristas.
- Como trabalhará o Sínodo?
Estão previstos debates, plenárias com a presença do Papa, além dos trabalhos realizados em pequenos grupos de articulação em relação aos assuntos. A tarefa importante de sintetizar os debates cabe ao relator geral do Sínodo, Cardeal Cláudio Humes (Brasil), que é também Presidente da REPAM. Ele terá dois secretários especiais: Dom David Martinez de Aguirre Guinea (Vigário Apostólico de Puerto Maldonado – Peru) e Frei Michael Czerny da Cúria Romana (Dicastério dos Migrantes, Refugiados e Desenvolvimento Integral da Pessoa Humana). Um grande conselheiro que também participará será D. Erwin Kreuter, Bispo Emérito da Prelazia do Xingu do Araguaia (Brasil).
- Porque este Sínodo é tão importante para a Igreja?
A Região da Amazônia é chamada de “pulmões verdes do mundo” e por isso é considerado importante em sua influência para o clima de todo o planeta. Assim sendo, todos os abusos ecológicos na Amazônia influenciam negativamente para toda humanidade.
No contexto eclesial, as novas propostas pastorais no território amazonense podem tornar-se modelos para outras Igrejas locais. Com ressalvas é claro, porque não se poderão copiar soluções pastorais na Amazônia em toda a Igreja.
- O que acontecerá com os resultados do Sínodo?
Na última semana, os membros do Sínodo trabalharão a redação final do documento, que será entregue ao Santo Padre, o Papa Francisco. Este documento não causará nenhum efeito jurídico. Caberá ao Papa a publicação do documento final, na forma de Exortação Apostólica Pós-sinodal.
Contamos com vossas orações.
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Artigo de 15/07, no site: http://www.cnbb.org.br/sinodo-da-amazonia-novos-caminhos-para-a-igreja-e-para-uma-ecologia-integral/